SINTEC

Publicado: 31/03/2025 às 09:21

Temos ódio e nojo à ditadura: A luta dos trabalhadores contra o golpe de 1964 e seus resquícios

A história do Brasil está marcada por golpes e retrocessos que atingiram diretamente a classe trabalhadora. Um dos capítulos mais sombrios dessa trajetória ocorreu em 1964, quando um golpe militar instaurou um regime autoritário que destruiu direitos, perseguiu sindicalistas e promoveu uma política de repressão sem precedentes. O preço dessa tragédia foi pago com sangue, suor e lágrimas dos trabalhadores, que até hoje sofrem com as consequências do desmonte sindical e da precarização das relações de trabalho.

O golpe de 1964 e o ataque aos trabalhadores

Em 31 de março de 1964, os militares tomaram o poder sob o falso pretexto de combater uma suposta ameaça comunista. O golpe não apenas interrompeu um governo legitimamente eleito, mas também destruiu o movimento sindical, criminalizando greves e impondo uma brutal repressão sobre aqueles que ousavam lutar por direitos. Os sindicatos foram postos sob intervenção, suas lideranças foram cassadas, presas, torturadas e, em muitos casos, assassinadas. O Decreto-Lei nº 4330/64 restringiu radicalmente o direito de greve, e o Ato Institucional nº 5 (AI-5) consolidou o estado de terror, permitindo prisões arbitrárias e eliminando qualquer forma de resistência.

Os professores não escaparam dessa perseguição. Com suas aulas monitoradas por soldados, muitos foram demitidos, exilados ou simplesmente desapareceram por ensinar o pensamento crítico. O regime não queria trabalhadores instruídos, pois sabia que o conhecimento é uma arma poderosa contra a opressão. A ditadura, assim, tentou sufocar não apenas os sindicatos, mas a própria educação como ferramenta de transformação social.

Sem anistia aos golpistas

Mesmo após a redemocratização, os algozes do povo brasileiro jamais foram devidamente responsabilizados. Enquanto países como Argentina, Chile e Uruguai levaram seus torturadores aos tribunais, no Brasil, os criminosos do regime militar ficaram impunes graças à Lei da Anistia de 1979. Essa legislação foi um pacto perverso que garantiu liberdade para os opressores e aprofundou a impunidade histórica. A Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada para investigar os crimes da ditadura, comprovou centenas de assassinatos e desaparecimentos forçados, mas a justiça nunca foi feita.

Por isso, o grito de “SEM ANISTIA!” ecoa como uma exigência de justiça para aqueles que tiveram suas vidas ceifadas pelo regime militar. Esse clamor não é apenas um resgate da memória histórica, mas um alerta: não permitiremos que o Brasil retorne a esse passado de opressão e brutalidade.

Os resquícios da ditadura no presente

Embora a ditadura tenha oficialmente terminado em 1985, seus resquícios ainda são sentidos na realidade dos trabalhadores. A precarização do trabalho, o enfraquecimento dos sindicatos e as sucessivas reformas que atacam direitos trabalhistas são reflexos diretos do modelo autoritário implantado em 1964. O golpe abriu caminho para uma elite que se perpetua no poder explorando a classe trabalhadora, manipulando a opinião pública e criminalizando os movimentos sociais.

O discurso de ódio contra os sindicatos, a tentativa de desmonte da previdência e as reformas trabalhistas que reduzem direitos são estratégias herdadas da ditadura. A luta sindical, portanto, não é apenas uma luta por melhores condições de trabalho, mas um embate permanente contra qualquer tentativa de retrocesso autoritário.

O posicionamento dos sindicatos: a luta continua!

Os sindicatos trabalhistas de todo o Brasil reafirma seu compromisso inabalável com a defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores. Não carregamos bandeira partidária, mas sim a bandeira da justiça social e da luta contra os exploradores e traidores da pátria. Como disse Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte de 1988:

“Traidor da Constituição é traidor da pátria.”

Por isso, não podemos aceitar a relativização do golpe de 1964 e muito menos tolerar discursos que tentam reescrever a história para favorecer os opressores. A verdade precisa ser dita e relembrada, para que nunca mais se repita.

Reafirmamos nossa posição:

TEMOS ÓDIO E NOJO À DITADURA!

A luta continua, até que todos os traidores da democracia sejam responsabilizados e que nunca mais um trabalhador precise lutar contra a opressão de um regime autoritário.

Assinado por –

Sebastião Alcides Lourenço de Melo
Presidente do SINTEC