SINTEC

Publicado: 14/11/2024 às 20:48

A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E O DESAFIO DOCENTE NO COTIDIANO ESCOLAR

        Novembro para nós professoras e professores é sempre um tempo de impulsionarmos as forças que ainda nos restam, depois de três longos bimestres letivos, para enfatizamos a reflexão sobre as questões étnico raciais em decorrência e alusão ao dia 20 de novembro que no calendário nacional, torna-se a partir de então o feriado nacional da consciência Negra.

        As conquistas que as populações negras vêm obtendo ao logo do tempo, em um Brasil que o grupo etino ajudou a construir, ainda não deu conta de garantir o seu reconhecimento e valorização, nem tão pouco a materialização de direitos que colocam todos os brasileiros, independentemente de qualquer situação, como possuidor da cidadania em um estado democrático de direitos.

       No contexto educacional, pelos quais transitamos cotidianamente, nos deparamos com situações desafiantes diariamente e que nos impõem a necessidade coletiva e sistemática de reflexão profunda e, sobretudo da ação eficiente para mobilizar, a partir da sensibilização da classe educacional de um trabalho enfático para superar a superficialidade com que os documentos curriculares, os materiais pedagógicos e o próprio sistema nos apresentam a temática étnico racial e que reverberam em nossas praticas pedagógicas de forma insuficiente para superamos essa sociedade escravista e racista, ainda tão numerosa e resistente.

       Para começo de conversa temos uma constituição chamada “Cidadã” que não se materializou para todos, e continua privilegiando classes, gêneros, culturas e etnias específicas em detrimentos de grupos ditos “minorias”. Em um país miscigenado e multicultural, as diferenças que são características, ainda prevalecem a lógica e a consciência colonial de mais de 300 anos atrás, onde brancos, amarelos, indígenas e pretos, ocupam posições diferentes em cidadania, levando em consideração exclusivamente e de forma preconceituosa a etnias, quase na sequência que se apresenta no texto, em se tratando de vivência de direitos.

       A escola é e deve ser um espaço de fomento da cidadania, onde a diversidade se encontra para a (re)construção dos conhecimentos e formação cidadã humanizada, plena e democrática, dos quais está disposto em todos os documentos oficiais que guiam a educação nacional a luz da Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional – LDB, 9.394/96, que alicerça as leis 10.639/03 e 11.645/2008, que tornam obrigatórios os estudos da história e cultura indígenas e afro-brasileiros nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio de todo país.

     No contexto do texto, deixa-se brechas abismais, para que a realidade que temos atualmente, se perdure por muitos anos, e as contribuições desses povos formadores do

       Brasil sejam sempre uma data comemorativa a ser tratada nos ambientes educativos como temática de projetos, sequências didáticas e outras práticas vazias de uma reflexão significativa e contribua para uma formação eficiente e uma sociedade mais justa, no que diz respeito, a contribuição, aos papeis e aos espaços da população negra no Brasil.

       A superficialidade intencional com que se trata a temática em questão, encontra-se nos textos e contextos dos documentos curriculares, A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2018), o Currículo de Pernambuco – Ensino Fundamental (2019), O Currículo de Pernambuco – Ensino Fundamental –Educação de Jovens e Adultos (2020), são exemplos de instrumentos que baseiam a elaboração de materiais pedagógicos e norteiam as práticas docentes como também, documentos curriculares oficias das redes públicas e privadas de ensino. E que, mesmo apontando para a necessidade e obrigatoriedade das abordagens das questões étnicos raciais e outros temas, não são enfatizados em seus textos o aprofundamento referencial teórico e bibliográfico dos mesmos.

       Assim sendo, os desafios para abordar a temática étnico racial nas escolas brasileiras superam as questões de consciência da sociedade, que mesmo com discursos racistas intencionais ou involuntários, acarretados pela carga histórica do racismo estrutural ao qual fazem parte. A estrutura do sistema educacional corrobora para que pouco ou nada se mude. Numa conjuntura onde a formação cidadã não tem espaço na prática, mas apenas no discurso dos “foras da lei”, que falam dos textos e não os executam.

      Nesse contexto, surge a missão das professoras e professores em serem no chão de suas salas de aulas, pontos fora da curva. E tornarem o ambiente educacional, um espaço de reflexão permanente as temáticas étnico raciais e outras que são intencionalmente colocadas implícitas nos textos e contextos, com a finalidade de excluir saberes e vidas da história e dignidade aos quais todos nós humanos, brasileiros, mulheres negras, homens e crianças negras, autores, escritores, professore e estudantes negros, povos negros… Temos direitos!

Assinado por –

Prof. Me. Handerson Phillipe